Cotidiano

-São 4 reais e 30 centavos,senhor.Senhor,são 4,30.Senhor...
Disso a impedir o assalto,ser manchete em jornais e ser ovacionado pela população como herói,pareceu serem apenas segundos,lances de escadas.Para ser menos confuso deixe ilustrar a historia.Eram 18:30 de uma quarta-feira,ou seria 18:35...Nosso protagonista,um não tão tipico trabalhador-oras,ele tinha consciência do seu trabalho desgastante e mau pago,sabia de sua condição de peça chave e escravo da sociedade moderna,sabia talvez,melhor que muitos filósofos e letrados em geral.
Ele entra pede cinco pães e mussarela,dirige-se ao caixa,vê uma pessoa se aproximar e observa,quase que câmera lenta,o anuncio do assalto e o saque da arma,algo aparentando ser uma calibre 38,mas sem o glamour hollowdiano.Ele segura a mão que está a arma,da-lhe um soco seguido de uma cabeçada,o homem fica tonto,mas nosso protagonista não para até que ele apaga.

Depois desse ato de bravura,manchetes exaltando a coragem de um trabalhador,autoridades advertindo sobre o perigo de reagir a assaltos,todo esse blá, blá, blá.Nada comparado ao fatídico dia de sua entrevista no jornal local-que belo dia para um desgosto,para um delicioso coquetel molotov contra o rosto-a entrevistadora pergunta se ele não temeu que a arma disparasse,com seu tipico olhar-um misto de vazio e revolta-ele olha para o chão e diz:"-Era só o que eu desejava."
Silencio no estúdio,entra o comercial de refrigerante-um qualquer que tem a intenção de tornar seu filho um diabético-a entrevistadora recebe um chamado do diretor,pede desculpas pelo incomodo ,mas terão que terminar a entrevista por ali.Ele se levanta,agradece secamente e sai.Fica pensando em quantos idiotas lhe perguntarão como vai ou quantos outros se sentirão culpados por sua tristeza,sua infelicidade.

Se você tiver interesse na continuação dessa historia é só deixar um comentário.
Comentários
0 Comentários

0 comentários:

Postar um comentário