Não achei esse poema pela busca do google então decidi posta-lo aqui a fim de ajudar buscas futuras.
"O vento passa lá fora e eu no quadro negro,imóvel -ó
muro de fuzilamento!
Morro sem dizer palavra.
O professor parece triste, talvez por outros motivos.
Manda sentar-me e eu carrego ó almazinha assustada, um zero
, como uma auréola...
Rezai,rezai pelas alminhas dos meninos fuzilados!
Por que é que nos ensinam tanta coisa?
Eu queria saber contar só com os dedos da mão!
O resto é complicação,um nunca mais acabar.
Eu queria mesmo era poder estudar teu corpo todo com a mão
até sabê-lo de cor como um ceguinho.
E o vento passa lá fora com a sua memória em branco.
O que ele viu, nem recorda...
E eu nada vi: só adivinho!”
(Mário Quintana, Baú de espantos)